I Parte
Este fiel testemunho da Obra de Nosso Senhor, teve início na cidade de Chicago, Illinois e não é para engrandecer aquele que o escreve, porém, para a Glória de Deus que opera todas as coisas, segundo o conselho da Sua vontade. (Ephesios 1-11).
Eu, Louis Francescon, nasci em 29 de Março de 1866, na comarca de Cavasso Nuovo, Prov. De Udine (Itália) de profissão mosaista. Vim para a América do Norte, depois de ter cumprido o serviço militar, chegando a Chicago em 3 de Março de 1890.
No mesmo ano, ouvi o Evangelho por meio da pregação do irmão Miguel Nardi. Em Dezembro de 1891 tive do Senhor a compreensão do novo nascimento.
Em março de 1892, com o grupo evangelizado pelo irmão M. Nardi e algumas famílias de fé "Valdense" foi criada nesta cidade a primeira Igreja Presbiteriana Italiana, sendo o Sr Filippo Grilli, pastor. Eu fui eleito um dos três diáconos e após alguns anos, ancião.
No princípio do ano de 1894, encontrando-me em Cincinati, Ohio, em serviço material, aconteceu que, estando numa noite de joelhos em meu quarto lendo o Cap. 2 da carta aos Colossenses, ao chegar no verso 12 ouvi uma voz que me repetiu por 2 vezes: "Tu não obedeceste a este meu mandamento". Então respondi: "Senhor jamais alguém me falou neste assunto".
Em 1º de janeiro de 1895, casei-me com Rosina Balzano salva também em nosso meio em princípio de 1892.
Como membro da administração da referida Igreja, falei do batismo determinado nas escrituras e como o Senhor mesmo me ordenou obedecê-lo. Todos se manifestaram contra mim, inclusive o pastor, ao qual eu tinha comunicado por carta na mesma noite que o Senhor me havia falado.
No ano de 1898, o Senhor salvou o irmão Giuseppe Beretta por meio dos Metodistas Livres, Americanos, o qual após algum tempo uniu-se conosco, Presbiterianos italianos.
Falei-lhe também muitas vezes do citado batismo, mas, no momento não lhe era dado compreender. Em princípio de setembro de 1903 nos encontramos em Elgin, ILL., (no local onde eu com o irmão G. Marin estávamos executando um trabalho), lhe falei novamente em presença deste, da necessidade em obedecer ao mandamento de nosso Senhor.
Então, servindo-se Deus também de outros meios, convenceu-se e dois dias após fez-se batizar mesmo em Elgin, por um irmão Americano pertencente à Igreja dos Irmãos (Church of the Brethren). Na ocasião lhe disse: "Irmão Beretta, agora que sois batizado, na próxima segunda-feira, dia 7 que é o dia do trabalho, batizar-me-ás também".
Como o Pastor se encontrava na Itália, competia a mim como ancião presidir o serviço que se realizava no domingo, dia 6. Assim tive oportunidade de dizer ao povo o que eu sentia em meu coração e lhes falei: Após 9 anos que o Senhor me falou em obedecer ao seu mandamento, amanhã, com a ajuda de Deus, terei a oportunidade em obedecê-Lo e se algum de vós quiser assistir venham ao (Lake-Front, de Chicago) em tal lugar, às tantas horas. Vieram cerca de 25, dos quais 18 obedeceram juntamente comigo. Fomos imersos pelo irmão G. Beretta.
Pouco tempo depois, o pastor (F. Grilli) voltou da Itália e no primeiro domingo que nos reunimos, disse-lhe eu que desejava dirigir algumas palavras à irmandade antes de seu sermão, o que me foi concedido. Primeiramente perguntei a todos se eu havia feito alguma coisa errada, que testemunhassem; responderam, que nada havia contra mim. Então os exortei que, se quisessem também ser participantes das promessas de Deus, seria necessário obedecê-Lo conforme Sua palavra. Em seguida apresentei minha demissão de ancião, secretário e membro daquela igreja. Todos se maravilharam e pediram que não os deixasse e eu lhes respondi que aquela decisão não era por mim premeditada, mas sim, ordenada por nosso Senhor.
Aconteceu também, que aqueles que comigo obedeceram ao mandamento, quiseram abandonar a Igreja o que não julguei conveniente fazerem, todavia o fizeram. Foi necessário então que nos reuníssemos em vários lugares, pela necessidade dos que não sabiam ler.
Assim, a primeira reunião foi feita na casa do irmão N. Moles, na qual eu fui eleito ancião. Nessa mesma ocasião propus os irmãos G. Beretta e P. Menconi para dirigirem o serviço uma semana cada um; depois de algumas noites resolveu-se reunir em minha casa.
Em 2 de Dezembro de 1903, embarquei para a Itália em visita a minha família regressando a Chicago em princípios de Maio de 1904, encontrei estes irmãos cheios de si e em contendas sem fim . Não sabendo como proceder resolvi pedir conselho ao Senhor e Ele respondeu que me separasse deles até que Ele (o Senhor) determinasse unir-me com eles novamente. Isto foi em Outubro de 1904, separando-se comigo também as famílias de N. Moles, Alberto Di Cicco e alguns outros, reuníamo-nos de casa em casa nos dias estabelecidos, e todos os domingos partia-se o pão, recordando a morte de nosso Senhor.
Eis alguns dos preliminares da grande obra que o Senhor fez pelo Espírito Santo, na colônia Italiana.
Em fins de Abril de 1907, o Senhor me fez encontrar com um irmão Americano, um dos primeiros a receber a promessa do Espírito Santo em Los Angeles, no ano de 1906 e, por meio dele soube que na W. North Ave, 943, havia uma missão que anunciava a promessa do Espírito Santo e que o próprio pastor (W. H. Durham) A havia recebido. Na primeira semana freqüentei sozinho aquele serviço e o Senhor me confirmou que aquela era sua obra. No domingo seguinte me acompanhou o resto do grupo.
No mês de julho a minha esposa foi a primeira a ser selada com o Dom do Espírito Santo, falando em língua Sueca e a irmã Dora Di Cicco foi a segunda falando em língua Chinesa. Em 25 de Agosto o benigno Senhor se comprazeu selar também a mim.
Naquele tempo enquanto se esperava a promessa, o Senhor fez saber ao irmão W. H. Durhan e outros que Ele me havia chamado e preparado para levar sua mensagem a colônia italiana; após fui eu mesmo também confirmado por Deus.
No princípio de Setembro, testemunhei Pietro Ottolini e sua família, vindo todos assistir aos serviços e em poucos dias foram também eles selados com a Bendita Promessa do Espírito Santo.
No dia 14 do mesmo mês, veio também o irmão Giovanni Perrou e perguntei-lhe se conhecia o Evangelho e ele respondeu-me haver nascido no evangelho; perguntei-lhe também se tinha em si mesmo testemunho de ser salvo, e ele respondeu-me que não sabia, então o exortei a pedir perdão a Deus com todo seu coração e depois buscar a Promessa do Espírito Santo; ele obedeceu, prostrando-se de joelhos, e naquele momento, o benigno Senhor o lavou com SEU SANGUE, e também o selou com a promessa do Espírito Santo.
Naquele momento se achavam presentes os irmãos G. Marin e A. Lencioni, tendo este último se manifestado contrário; vendo como o Senhor havia operado sobre o irmão G. Perrou, seu conhecido convenceu-se e buscou também a face do Senhor.
No inesquecível dia 15 de Setembro do mesmo ano, na casa de oração da W. Grand Av. 1139, o Senhor se manifestou no irmão A. Lencioni, e muitos dos presentes, julgando que ele não se encontrasse em si, formaram um ambiente confuso, por não discernirem a Obra de Deus. Dois dos presentes (P. Menconi e Luigi Garrou) vendo isto, vieram me chamar, dizendo-me que fosse depressa onde eles se encontravam reunidos; antes de sair, orei ao Senhor que me determinou ir. Ao entrar naquele local, o Senhor me abriu a boca para falar-lhes do poder do sangue do concerto eterno e que só por ele se pode permanecer em pé na presença de Deus e obter as suas fieis promessas. Imediatamente, o Senhor se manifestou com sua presença, selando os irmãos P. Menconi, A Andreoni, A. Lencioni e outros, e as maravilhas de nosso Senhor e de seu grande poder foram conhecidas a manifestadas a todos quantos vinham para vê-las e o Senhor convencia e os selava, jovens e velhos (na fé) e entre esses os irmãos G. Marin e Umberto Gazzari.
Nas primeiras semanas, o Senhor chamou muitos Carrareses, entre os quais nosso irmão Alessio Adriani, que ainda vive e permanece na fé.
Quando voltei a Congregação da W. Grand Ave, o irmão P. Ottolini abria o serviço e P. Menconi presidia. No terceiro serviço que tivemos, sucedeu que enquanto o irmão P. Menconi subia ao púlpito, o irmão P. Ottolini (guiado pelo Espírito Santo), deu um salto e falou em alta voz: "Irmão Menconi! Pare; o Senhor me disse que enviou em nosso meio o irmão Louis Francescon para nos exortar". E o irmão P. Menconi foi confirmado pelo Senhor para ficar sentado no momento, depois também Deus servir-se-ia dele. E foi assim, que, novamente, ocupei o lugar de ancião nessa igreja até 29 de Junho de 1908.
Em fins de Outubro, o Senhor enviou minha esposa a Los Angeles, Cal., a fim de dar o testemunho da promessa à família do irmão N. Moles, que residia naquela cidade há cerca de um ano antes da manifestação do Espírito Santo, resultando assim, que também alguns deles foram selados e então se uniram com os irmãos Americanos que ali habitavam. Nessa ocasião recebemos a visita de alguns irmãos e irmãs de Hulberton N. Y., que ouviram como o Senhor tinha operado em nosso meio. Após alguns dias foram também selados e voltaram às suas residências com essa confirmação em seus corações. Pouco depois vinha também o irmão G. Beretta que também recebeu o Dom de Deus. Recebemos também em nosso meio os irmãos Leopoldo Tedeschi e Michele Iacovetti, (que conheciam o evangelho).
Em princípios de Dezembro o Senhor falou por minha boca, dizendo: "Eu, o Senhor, permaneci no meio de vós e se me obedecerdes e fordes humildes eu mandarei convosco todos os que devem ser salvos. Vos terei unidos por um pouco de tempo a fim de vos preparar, para depois mandar alguns de vós em outros lugares para recolher outras minhas ovelhas. Este é o sinal que vos dou para confirmar que vosso Deus é quem vos falou. Este local será pequeno para conter as pessoas que chamarei".
Logo após estas profecias, um irmão sentiu-se em comprar 60 cadeiras, a fim de juntar às existentes.
Naqueles dias o Senhor havia operado nos irmãos Giacomo Lombardi e Giovanni Rossi e em outras famílias, membros da igreja Presbiteriana Italiana, como também nos católicos, dentre os quais o irmão Luigi Terragnoli.
No domingo seguinte ao da profecia, todas as cadeiras foram ocupadas, permanecendo algumas pessoas de pé.
Em princípios de Janeiro de 1908, foi realizado um batismo para estes últimos e cerca de 70 obedeceram ao mandamento de nosso Senhor; desses, a maior parte já eram selados com a promessa. De 15 de Setembro até fim de Dezembro de 1907, o Senhor fez muitas curas milagrosas em doenças crônicas e incuráveis à ciência humana; desses casos citamos aqui quatro nomes: G.Lombardi, P. De Stefano, Lucia Menna e Fidalma Andreoni.
O Senhor permitiu, entretanto, que passássemos duras provas e perseguições; mas não fazíamos caso delas, porque a Graça de Deus abundava em nossos corações e as suas promessas eram fiéis.
Em Janeiro de l908 os irmãos P. Ottolini e G. Perrou, guiados pelo Espírito Santo e com a comunhão da Igreja, foram à cidade de New York, (passaram antes por Hulberton) permitindo o Senhor que alguns cressem dentre os quais, o irmão Silvio Margadonna.
Depois da partida de P. Ottolini, o irmão A Lencioni tomou o seu lugar em abrir os serviços, e em Fevereiro o Senhor lhe fez sentir de ir a Hulberton N. Y., a fim de batizar novamente os crentes daquele local, pois não foram imersos de acordo com Sua Santa Palavra. O irmão G. Lombardi substituiu A.. Lencioni até 15 de Julho.
Em Março do ano seguinte, o Senhor fez saber a mim e ao irmão G. Lombardi que deixássemos o nosso trabalho material, para dedicarmos-nos inteiramente à obra que Ele nos havia preparado; ambos nos encontrávamos em má situação financeira e cada um com 6 filhos menores; entretanto, não tememos, certos de que o Senhor protegeria nossas famílias.
Esta revelação nos foi confirmada por meio do dom de interpretação de linguagem e isto muito nos consolou, dispondo-nos inteiramente à vontade de Nosso Senhor.
Em princípios de Abril, num espaço de duas semanas, quatro irmãos partiram para a Itália, dos quais três, voltaram sem sucesso. Permaneceu lá um pouco de tempo com sua família o irmão Demetrio Cristiani, tendo o Senhor operado nela; vieram, após, a Chicago.
Durante o mês de Abril, o Senhor nos mandou gloriosas mensagens, controladas pelo Espírito Santo e quase todas cumpriram-se; destas, vamos narrar uma como segue: um irmão, depois de ter rendido testemunho, falou em linguagem estranha e sentou-se; uma nossa irmã, como o dom de interpretação, levantou-se dizendo: “O Senhor nos faz saber hoje, pela boca deste irmão, que os Santos da Itália serão perseguidos sob o reinado de Vitorino Emanuelee III.”. (Note-se que por ocasião desta profecia, o testemunho desta obra não tinha ainda chegado à Itália). Como todos sabem, esta profecia foi totalmente cumprida em 1936, quando, por ordem do governo italiano, todos os locais de reuniões de nossos irmãos foram fechados e proibidos de se reunirem, e os que eram surpreendidos reunidos, eram multados e também encarcerados, pelo único motivo de servirem a Deus vivente, segundo a fé Apostólica.
Em 29 de Junho, o Senhor me fez sentir de ir a St. Louis. Mo. Antes de partir, ordenei para anciães desta Igreja de Chicago os irmãos Pietro Menconi e A. Andreoni. Em 15 de Julho, me veio encontrar em St. Louis, Mo, o irmão Lombardi e de lá partimos para a Califórnia. Em princípios de Setembro, ele voltou a Chicago para depois partir para Roma (Itália) onde diversos foram pelo Senhor chamados e eleitos para serem Suas testemunhas naquela nação.
Eu fiquei em Los Angeles, e acolhi em casa do irmão N. Moles algumas irmãs italianas já salvas e batizadas com o Espírito Santo, nas Igrejas Americanas daquela cidade. Naquele tempo, o Senhor salvou o irmão Serafino Arena e família, além de outros e após tempos, o irmão S. Arena sentiu-se levar o testemunho na Sicília (Itália), onde foi bem sucedido.
Em 3 de Março de 1909, voltei a Chicago.
Em 18 de Abril, guiado pelo Espírito Santo, parti para Filadélfia, Pa., onde o Senhor chamou o irmãos Giovanni Marcucci, sua esposa e um filho, sua irmã Carolina e filha, e mais a irmã Concetta. O Senhor firmou bem Sua Obra naquela cidade no meio do povo italiano, confirmando-A pelo bom fruto dado à Glória de Deus Pai.
Voltei a Chicago em 22 de Julho. Em 4 de Setembro por santa revelação e bem confirmado, embarquei de Chicago III. para a cidade de Buenos Aires, com o irmão G. Lombardi e Lucia Menna. Após passar algumas semanas, eu e o irmão G. Lombardi fomos convidados pela família Michelangelo Menna, a ir em sua casa que então era em San Cagetano, Província de Buenos Aires, onde o Senhor operou das Suas grandes maravilhas, Em princípios de Janeiro de 1910 voltei com o irmão G. Lombardi na cidade de Buenos Aires, onde foi aberta uma porta para a Obra de nosso Senhor, e também num subúrbio chamado Tigre.
Em 8 de Março de 1910, por determinação do Senhor, partimos direto a São Paulo, (Brasil). No segundo dia de nossa chegada àquela Capital, Divinamente guiados, encontramos no Jardim da Luz um italiano chamado Vincenzo Pievani (ateu) morador em Sto. Antônio da Platina, Est. do Paraná, e lhe falamos da Graça de Deus.
Dois dias após, V. Pievani voltou a Sto. Antônio da Platina, e nós permanecemos em S. Paulo até aos 18 de Abril, quando então por vontade de Deus, o irmão G. Lombardi partiu para Buenos Aires e eu para Sto. Antônio da Platina. Chegamos naquele lugar, encontrei dois italianos, um dos quais era V. Pievani e outro Felício A. Mascaro; sendo suas esposas e os demais moradores daquele lugar todos brasileiros e da fé católica romana.
Para ir ao lugar onde o Senhor me ordenara, eu não tinha nenhum endereço a não ser o seguinte: V. Pievani, Sto. Antônio da Platina, Estado do Paraná. Havia só uma estrada de ferro que levava ao sul daquele Estado, porém, Sto. Antônio da Platina achava-se ao norte e distante mais de 200 quilômetros da estação mais próxima.
Meu coração duvidava em tomar aquela estrada, porém, me senti de ir a estação e consultar o mapa e o Espírito Santo me indicou a tomar a Estrada de Ferro Sorocabana que percorria o Estado de São Paulo, passando por perto do norte do Estado do Paraná e sua última estação era Salto Grande.
Parti, de S. Paulo às 5,30 horas com uma terrível dor lombar que me impediu tomar alimento durante todo aquele dia. Cheguei a Salto Grande às 23 horas e nesse lugar o Senhor me disse ter preparado tudo para mim, a fim de cumprir minha missão; e assim aconteceu, porém, faltavam fazer cerca de 70 quilômetros a cavalo, atravessando matas virgens infestadas de jaguaras e outras feras existentes no lugar. Pela Graça de Deus, fiz este resto de viagem com um guia indígena, chegando em Sto. Antônio da Platina em 20 de Abril.
Outra dificuldade que encontrei foi não conhecer uma palavra do idioma português e achar-me sem dinheiro e doente; Deus, porém, que tem todos os corações em Suas mãos, me fez ver a primeira maravilha; ao chegar àquele local encontrei na janela a esposa do italiano Vicenzo Pievani tendo o Senhor lhe dito: “Eis o homem que Eu vos enviei”. (Note-se que eu não era lá esperado). Assim, fui recebido em sua casa e poucos dias depois, o Senhor comprazeu-se abrir seus corações e de mais 9 pessoas. Foram batizados na água 11 pessoas e confirmados com sinais do Altíssimo.
Estas foram as primícias da grande Obra de Deus naquele País.
Logo após, o inimigo começou a trabalhar para desfazer aquela Obra, mas foi em vão o seu trabalho.
O resto do povo daquele lugar, sabendo da minha chegada e da minha missão, juraram matar-me, tendo como chefe um sacerdote de determinada denominação. Isto teria sucedido se Deus não interviesse com Seus meios. O Senhor me fez saber de permanecer lá até 20 de Junho; nessa prova eu estava pronto a me entregar aos inimigos, a fim de poupar a vida dos poucos crentes que o Senhor havia chamado. Deus é testemunha disto, como também os irmãos que lá vivem.
Parti de Sto. Antonio da Platina em 20 de Junho, com destino a São Paulo. Apenas chegado àquela Capital, o Senhor permitiu abrir uma porta resultando que cerca de 20 almas aceitaram a fé e quase todas provaram a Divina virtude. Uma parte eram Presbiterianos e alguns Batistas e Metodistas e alguns também Católicos Romanos. Alguns foram curados e outros selados com o Bendito Dom do Espírito Santo.
Em fins de Setembro parti para o Canal do Panamá, deixando-os nas mãos de Deus e com os conselhos que o Senhor mandou dar para que, por meio deles, continuassem a Obra de Deus naqueles lugares.
Até agora o Senhor me enviou nove vezes ao Brasil e todos as vezes tenho notado maior progresso no meio deles, quer espiritual, quer material.
Esta é uma prova que a obra de Deus no Brasil foi plantada pelo Espírito Santo e por Ele guiada; na Capital de São Paulo existem cerca de 30 Igrejas, todas de comum acordo e com mais de 6000 almas que rendem testemunho da Graça de Deus.
Segundo o relatório do ano de 1940, o numero de casa de oração da nossa irmandade no Brasil era de 305; do ano de 1935 a 1940, obedeceram 17.761 almas ao mandamento de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao qual seja dado toda honra e glória.
Eis como o benigno Deus começou Sua Obra: Pelo batismo da água, segundo o mandamento do Senhor Jesus, fomos tirados das seitas humanas e de suas teorias; pelo Dom do Espírito Santo ela foi animada e engrandecida, nada mais havendo necessidade de acrescentar pois os resultados falaram e ainda falam desta maravilhosa Obra feita pela potente mão de Deus e só a Ele seja dado honra e glória por Jesus Cristo, Bendito em Eterno.
Todas as vezes que eu voltava à América do Norte, encontrava sempre novidades no meio dos irmãos; coisas diferentes daquilo que tinham aprendido no começo. Agradeço a Deus, porem, que sempre me iluminou e me fez discernir o bem do mal, mantendo-me firme no Seu conselho e na Sua verdade.
Este testemunho é um breve resumo da Obra de Nosso Senhor. É uma lembrança à minha família e também um conforto à irmandade de Chicago, da qual uma parte se conserva fiel à Palavra de Deus, tomando juntos a parte do Senhor como também muitos outros irmãos de outras localidades, que não comprometeram a celeste vocação por respeito humano, nem por temor do que o homem lhe pudessem fazer e nem ainda por tentação do maligno.
Nas guerras do Nosso Senhor, muitos por não terem sido perseverantes, nos abandonaram, porem, Deus os substituiu por outros. Embora outros mais nos abandonarão, sabemos que temos um verdadeiro Amigo que nunca deixará, nem abandonará, Seus fieis; ele é o Eterno Senhor, o Seu Nome é a Palavra de Deus, o Verdadeiro e Fiel, Aquele que julga e guerreia pela justiça, Aleluia.
Irmãos! Guardemos-nos do inimigo e do seu astuto falar, a fim de não cairmos em seus laços, porém, firmes no conselho de Deus para que possamos, unidos com Ele e com o Espírito Santo, servi-Lo, com lealdade e pela fé que temos recebido d´Ele em Cristo Jesus, Nosso Salvador, Bendito em Eterno.
Agradeço a Deus por Jesus Cristo, por ter mantido minha mente sempre clara e alertada até agora. Não conservei lembranças, ou particulares de minha vida, nem da gloriosa missão que o Bendito Deus me chamou a cumprir pela fé no Senhor Jesus e virtude do Espírito Santo. Contemplando sempre do alto da minha submissão ao Senhor meu Deus, o panorama de Sua grande Obra, sentindo-me sempre presente nela e para contar, quando ele me der oportunidade, as suas grandes maravilhas, a Sua misericórdia, Seus conselhos e Suas libertações recebidas. Vi Seu poder e fidelidade em Suas promessas e também Seus juízos. Esta lembrança é também um Dom de Deus que o homem recebe d´Ele, para magnificar a Sua paciência e Suas Obras e dar a Deus o louvor e toda a glória por Jesus Cristo, Amém.
Chicago, Illinois, Março de 1942.
II Parte
O Senhor se comprazeu enviar-me novamente ao Brasil, sendo desta vez, acompanhado de minha esposa. Deixamos Chicago, III., em 24 de Outubro de 1947. Permanecemos no Brasil até 18 de Outubro de 1948. Encontramos aquela Obra bem aumentada em número, outrossim prosperada na parte material, e o seu progresso foi constante. De acordo o relatório anual de 1951, (exigido pela lei), no qual relata que o número das Casas de Oração atingiu a 815, sendo 217 de sua propriedade. Do ano de 1942 ao 1951, obedeceram ao mandamento do Senhor Jesus, 74.775 almas. As 46 congregações existentes atualmente na Capital do Estado de São Paulo, e seus arredores são representadas por uma Diretoria Administrativa, composta de 5 membros, os quais cuidam da parte material, apresentando em assembléia anual o balanço das Receitas e Despesas, em obediência às determinações legais, isto é: Dar a César o que é de César.
A parte espiritual, é governada pelos Anciães sob a Guia do Espírito Santo, os quais se reúnem semanalmente em oração para obter o conselho e Guia do Senhor, o que depois, é levado ao conhecimento da irmandade nas congregações. O mesmo fazem os Anciães de outras cidades do interior de São Paulo, e outros Estados do Brasil.
Para os serviços de Batismos e Santas Ceias, ou alguma outra necessidade urgente, os Anciães se reúnem, e em oração buscam o conselho do Senhor, para que Ele inspire a quem Ele quer enviar para tal missão, fazendo pois por eles o que prometeu na Sua Palavra, porque a vontade e o operar pertencem ao Redentor e Senhor Nosso, quando a nossa confiança é depositada inteiramente n’Ele Aleluia.
Este é o Caminho do Céu aprovado do Eterno Senhor. Amém.
(a) Louis Francescon
O Senhor recolheu este servo em data de 07 de setembro de 1964, na cidade de Oak Park, Illinois, U.S.A., para o repouso dos santos, tendo terminado sua carreira, guardando a fé, e agora lhe espera a coroa da justiça, a qual o Senhor, justo Juiz, lhe dará naquele dia, e a todos os que amarem a sua vinda. II Timo. 4: 7 e 8.
A Deus, por Jesus Cristo e pela Sua Igreja, sejam dadas honra, louvor e glória eternamente.
Amém.
Fonte: Cartas Louis Francescon
Fonte: Cartas Louis Francescon
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